Croácia: de norte (Zagreb) a sul (Dubrovnik) em 12 dias
Um pouco sobre o país e as cidades de Zagreb, Plitvice, Zadar, Hvar, Stari Grad, Split e Dubrovnik; e mais: dicas de onde ir, curiosidades, economia e geopolítica
A ideia de conhecer a Croácia surgiu após uma viagem para a Itália (mais especificamente, a costa amalfitana). Alguns meses depois, pensamos: porque não repetir a dose? Pesquisa vai, pesquisa vem - e eram muitas as menções à Croácia e suas cidades medievais.
Os comentários eram positivos e ainda reforçavam que os preços eram mais baratos que a costa italiana (neste ponto em específico, eu diria que nem tanto!). Aparentemente, muita gente que vai pra Itália acaba indo conhecer a Croácia.
"Porquê não?"
Começamos assistindo ao episódio do Somebody Feed Phil sobre a Croácia e ficamos empolgados com a ideia.
Assim começamos a mergulhar no planejamento da viagem. Em 12 dias, passamos por 6 cidades cidades, nesta ordem:
Zagreb
Plitvice
Zadar
Split
Hvar/Stari Grad
Dubrovnik
Escolhemos o começo de setembro para evitar aglomerações de turistas, filas, preços caros e o calor forte desta região. A escolha foi perfeita e eu recomendo.
Chegar nesta seleção foi super difícil, já que o país oferece 10 grandes regiões turísticas, sendo a Dalmácia talvez a mais conhecida e visitada (por causa de Dubrovnik e Split). Se você pretende ir pra lá, recomendo tirar um tempo pra olhar cada uma delas com calma e, claro, levar seus critérios em conta.
A Croácia, principalmente a Dalmácia, acabou ficando famosa pela série Game of Thrones. Diversas cenas foram gravadas nas cidades de Dubrovnik e Split. Os cenários são incríveis, realmente. Há até uma piada que diz: "Que bacana que a HBO deixou os cenários para a Croácia depois das filmagens!" Eu falo um pouco mais sobre as duas cidades abaixo.
Nossa escolha se baseou em conhecer o essencial mas focar em regiões de praia (Split, Dubrovnik, Hvar). Olhando em retrospectiva e se eu fosse planejar a viagem novamente, talvez eu não teria escolhido Plitvice.
Tentei criar um texto que ajude quem pretende viajar pra Croácia, trazendo informações sobre o país e, claro, os lugares que fomos. Coloquei também muitas fotos pois acredito que isso ajuda quem está pensando em visitar um lugar. Deixei de fora os lugares que fomos e não gostamos. Tudo o que está aqui nós fomos e aprovamos. Acabei desistindo de fazer um texto sobre a história mais antiga (riquíssima) e a mais recente, da guerra nos anos 1990 e a independência.
Raio-x da Croácia (Hrvatska)
Onde fica: Sudeste da Europa (Costa Adriática)
Capital: Zagreb
População: 4.169.239 (estimativa, 2023)
Moeda: Euro (desde jan/2023)
Língua: Croata
PIB: US$ 80.1 bilhões (FMI)
PIB per capita: US$ 20.8 mil (FMI)
IDH: 0,858 (quanto mais próximo de 1, melhor)
Forma de governo: parlamentarismo
Organismos do qual faz parte: União Europeia (julho/2013) e OTAN
Expectativa de vida: 77,5 anos
Alfabetização: 99,4%
Faz fronteira com: Bósnia e Herzegovina, Hungria, Montenegro, Sérvia e Eslovênia
Vários locais são patrimônios mundiais e naturais (Unesco)
Personalidades: Nikola Tesla, Luka Modrić (jogador de futebol), Goran Ivanišević (tenista), Marco Polo (sim, aquele mesmo) - vale dizer que todos nasceram em lugares onde hoje é a Croácia, pois o país só se tornou independente em 1991
Curiosidades: a cidade de Hum é a menor do mundo com 17 habitantes (Guinness Book); a raça de cães dálmatas é croata (região da Dalmácia); Game of Thrones filmou diversas cenas no país (Dubrovnik e Split); os croatas inventaram a gravata
Vale a pena conhecer a Croácia?
Pra mim, a resposta é um sonoro sim. As cidades que visitamos são organizadas, limpas e preparadas para o turismo. Para efeitos de comparação, logo depois descemos para a Sicília - e lá a coisa era bem diferente em alguns lugares: alguma sujeira, desorganização, trânsito bagunçado, monumentos descuidados.
A Croácia tem cidades medievais incrivelmente belas e conservadas. Além disso, a comida é um espetáculo à parte. Comemos muitíssimo melhor na Croácia do que na Itália, por exemplo. O croata é fã de uma comida bem temperada.
O clima no verão também ajuda muito: é seco e quente em toda a costa. O inverno é frio, embora ameno.
Esse gráfico resume um pouco do que é a temporada de verão na Croácia (extraí deste artigo sobre o clima e temperaturas):
Vale dar uma olhada na temperatura mês a mês e entender o que funciona melhor pra você. Em setembro, mês que estivemos por lá, ainda estava (bem) quente e ainda dava para entrar na água do mar com certa tranquilidade.
Para entrar na Croácia não é preciso nenhum tipo de autorização especial ou visto, apenas passaporte válido.
Como o croata é uma língua bem diferente (pra dizer o mínimo), todo mundo fala (ou arranha) inglês e isso é muito bom para o turista. Mas vale saber pelo menos como fala o obrigado: hvala.
Um comentário rápido sobre os preços das coisas na Croácia. Lemos bastante sobre este ponto - era meio que uma unanimidade que os lugares, mesmo os turísticos, tinham preços mais em conta do que outros lugares da Europa - o tom em geral era "uma Itália litorânea mais barata". Não encontramos isso - alguns lugares tinham preços relativamente altos.
Antes de mergulhar nas cidades e no roteiro que fizemos, vale a pena conhecer um pouco sobre a Croácia.
Croácia: o país das mil ilhas e do turismo
A Croácia está localizada no sudeste da Europa (próximo aos Balcãs) e tem uma população de cerca de 4 milhões de habitantes - para efeitos de comparação, só a Grande São Paulo tem 12,5 milhões de pessoas.
Então, sim, a Croácia é um país "pequeno". Além disso, 1/4 da população vive na região de Zagreb, a capital do país, ao norte.
Banhado pelo mar Adriático, faz fronteira com 5 países e está "de frente" para a Itália. Em termos de área, a Croácia é o 26º maior país da Europa.
São mais de 1.200 (sim, MIL e duzentas) ilhas catalogadas no país, sendo que apenas 50 são habitadas.
Há na Croácia toda uma cultura náutica e de veleiros. Por lá você vai encontrar milhares de passeios de barco, catamarã, speed boat etc. Recomendo dar uma pesquisada nas experiências que Airbnb, Booking, Get Your Guide oferecem, além do site Sail Croatia. Não deixe de fazer pelo menos um passeio mais longo quando estiver por lá. Depois me agradeça. Vale muito a pena.
A Croácia também é um país relativamente novo: conquistou sua independência em 1991. Antes, fazia parte da Iugoslávia, junto com Eslovênia, Bósnia-Herzegovina, Sérvia, Montenegro e Macedônia.
Sabia que a população na Croácia vem caindo?
A população da Croácia vem caindo desde o final dos anos 1990. E essa situação perdura até hoje. Em 1995, a população era de cerca de 4,8M. Hoje, 4,1M. Uma queda de 17%.
Muita coisa, não? E olha que a Croácia tem dados considerados razoáveis de desenvolvimento econômico e social.
As razões de a população estar caindo: diminuição das taxas de natalidade, aumento da emigração (saída) e imigração limitada (entrada), de acordo com este estudo sobre o declínio da população. O artigo detalha ainda que, desde a entrada do país na União Europeia, em 2013, a emigração de boa parte dos jovens bem instruídos bateu recordes. Com as portas abertas, ficou muito mais fácil sair legalmente do país.
De um lado, o país voltou a crescer (mesmo que em nível menor do que no começo dos anos 2000), como mostra o gráfico abaixo:
Do outro lado, o crescimento negativo se acelerou.
"Ambas as tendências – baixas taxas de natalidade e emigração – contribuíram para que a Croácia perdesse mais de 400.000 pessoas numa década. Alguns alertam que a realidade é realmente mais sombria e que consideravelmente mais pessoas estão ausentes. Muitos dos que partiram nos últimos anos mantêm o seu estatuto de residência e são oficialmente contabilizados como residentes, embora na realidade já não residam na Croácia. (...) Sem condições de pagar a habitação, muitos jovens não têm outra opção senão continuar a viver com os pais e até constituir família em lares superlotados. Os jovens croatas (até 29 anos de idade) que ainda vivem com os pais detêm o recorde da UE – 92% de homens e 84% de mulheres. Muitos, portanto, não vêem outra opção senão deixar o país." (Senada Šelo Šabić)
A emigração também é estimulada por fatores políticos e sociais. "A incerteza jurídica, a instabilidade do Estado, o elevado nível de corrupção, a cultura de impunidade, o nepotismo e a concentração no passado são elementos que estimulam a emigração", diz outro trecho do estudo. Além disso: "A corrupção, em particular, é frequentemente apontada como uma das principais razões para deixar o país."
Economia focada em serviços, altamente dependente do turismo
No processo de entrada na União Europeia (que começou em 2013), o Euro passou a ser a moeda principal do país em janeiro de 2023. A moeda local Kuna ainda é aceita, mas você pode ir pra lá tranquilamente levando apenas Euros.
Hoje, a Croácia é altamente dependente do turismo. Em 2021, o país de Luka Modrić gerou 10,89 bilhões de dólares no setor, o que corresponde a 15,35% do PIB (este percentual foi 25% em 2019). Não é preciso nem dizer o quanto a Croácia sofreu durante a pandemia.
A Croácia vem, ano após ano, retomando o número de turistas - que, em 2023, deve bater algo próximo a ~23 milhões de pessoas (contra ~15M em 2022).
A economia croata é majoritariamente focada em serviços (70% do PIB), seguido da indústria (26%) e da agricultura (4%) e tem um PIB per capita de cerca de ~US$ 20,8 mil, de acordo com dados do FMI. Para efeitos de comparação, a Alemanha, país que mais recebe imigrantes croatas, tem um PIB per capita de ~US$ 53 mil.
Bom, agora vamos ao turismo.
Zagreb: um giro rápido pela capital croata
Mini raio-x de Zagreb:
População: ~700.000
Capital e cidade mais populosa do país
Nosso roteiro foi o seguinte:
Chegada: 07/set
Passeio: 08/set
Saída: 09/set (cedo), rumo à Plitvice
Hotel: Manda Heritage
Nossa passagem pela capital croata foi curta: 1 dia inteiro. Decidimos ficar pouco tempo pois achamos que outros lugares seriam mais interessantes. Então, o nosso dia de passeio foi basicamente andar pelo centro da cidade, visitar alguns pontos e descansar. A decisão foi acertada.
Ficar em um hotel em Donji Grad/Lower Town foi também uma excelente decisão. Próximo à praça Ban Josip Jelačić (coração da região), tem tudo ao redor: lojas, farmácias e restaurantes. O hotel que ficamos (Manda Heritage) é simples porém muito novo e confortável - e serve um café da manhã excelente no quarto.
Pelo tempo (escasso), não deu pra sair muito dessa região que ficamos. O que vimos foi uma cidade que parece ser muito bem cuidada e tem toda aquela vibe de cidade cosmopolita europeia.
Dividimos nosso roteiro e visitamos estes pontos - não necessariamente nesta ordem:
Passeio pelas cidade baixa e alta (Donji Grad/Lower Town e Gornji Grad/Upper Town) - monumentos e ruas históricas
Trznica Dolac
Torre histórica - Top Kula Lotrscak
Teatro Nacional Croata (Croatian National Theatre)
Museu dos Relacionamentos Terminados (The Museum of Broken Relationships)
Museu Técnica Nikola Tesla
Vale dar um passeio pela região da rua Tkalciceva, cheia de turistas em busca de cafés e restaurantes.
No dia da nossa chegada, comemos no Torikaya Ramen Bar (rua Petrinjska). Gostoso e relativamente barato. Infelizmente não tiramos fotos.
Não conseguimos ir em nenhum restaurante bem avaliado e nem comer o Štrukli, prato típico da cidade que é basicamente uma massa folhada e fina enrolada com queijo e coberta com molho feito de ovos, creme de leite e queijo.
Abaixo, um resumo rápido do que vimos em Zagreb.
Monumentos e paisagens de Zagreb
St. Mark's Church (Igreja de São Marcos)
Ali por perto você encontra também a St. Mark's Church (ou Igreja de São Marcos), que não chegamos a entrar pois estava fechada, porém temos fotos.
Museum of Broken Relationships (Museu dos Relacionamentos Terminados)
O Museu dos Relacionamentos Terminados a gente viu no programa do Pedro Andrade sobre a Croácia e, como era pertinho, decidimos visitar também.
Basicamente o museu reúne objetos que representam relacionamentos fracassados. Cada objeto traz uma história contada ao lado. Vale a pena ir, se você gosta de ler histórias.
Mercado aberto, Dolac (Barriga de Zagreb)
Vale também dar um passeio pela Dolac, próximo à Catedral, e conhecer a "Barriga de Zagreb", mercado aberto de comidas.
Nikola Tesla Technical Museum
Este museu de ciências (por isso o nome Nikola Tesla Technical Museum) foi fundado em 1954 e abriga equipamentos históricos e uma exposição. Veja bem: não é um museu moderno e muito menos interativo. Portanto, não espere uma visita super animada e empolgante. Para quem gosta de ciências e conhece um pouco da vida de Tesla, a visita é muito interessante.
O museu traz dezenas de carros, caminhões, helicópteros e turbinas. Agradeça a Tesla por todas essas invenções.
Tem gente que acha que Tesla é apenas o nome de uma empresa, mas Nikola Tesla foi um dos maiores gênios da história e o inventor do motor elétrico, da difusão da eletricidade por meio da corrente alternada (a da tomada) e, mais recentemente, a Corte Suprema dos Estados Unidos bateu o martelo de que ele foi também o inventor do rádio. Tesla idealizou também o telefone portátil, a lâmpada fluorescente, a ressonância magnética, o raio laser e o radar.
Quando Nikola Tesla nasceu, o mundo era outro. Onde hoje estão Croácia, Sérvia, Bósnia, Montenegro e outros países dos Bálcãs, existia o poderoso Império Austríaco. Tesla ora é considerado sérvio, ora croata, ora austríaco - enfim, isso tem pouca importância, até porque depois ele acabou indo para os EUA (morreu pobre, em um quarto de hotel).
Plitvice Lakes, Plitvicka Jezera, Parque Nacional dos Lagos Plitvice
Mini raio-x de Plitvice:
População: ~4.300 (soma das cidades/vilas da região)
Patrimônio Natural da Humanidade (Unesco)
Nosso roteiro foi o seguinte:
Zagreb até Plitvice de carro: ~2h15
Chegada e passeio: 9/set (manhã)
Saída: 10/set (manhã), rumo a Zadar e Split
Hotel: Plitvice Lakes Villa Irene
Logo no dia 9 pela manhã, partimos para o impressionante Parque Nacional Plitvice Lakes, a cerca de 2h de carro de Zagreb.
Tem gente que faz bate-e-volta partindo de Zagreb, mas eu sinceramente não recomendo. É muito tempo em deslocamento (~2h em cada perna). Nós alugamos um carro em Zagreb e, depois do parque, dormimos ali perto, em um local chamado Villa Irene (pagamos cerca de R$ 800 na suíte com jacuzzi). Valeu muito a pena: lugar grande, confortável e com um churrasco com vinho por 40 euros por pessoa. Fez um friozinho safado à noite, como você pode ver pelas minhas vestimentas de Game of Thrones.
Agora, sobre o parque. São 16 lagos interligados e 90 cascatas. O Plitvice abrange uma extensão de aproximadamente 295 quilômetros quadrados e é um dos maiores parques nacionais da Europa. O local é Patrimônio Natural da Humanidade desde 1979 (Unesco) e, desculpe o clichê, atrai amantes da natureza e viajantes de todo o mundo em busca de sua beleza inigualável.
A água incrivelmente clara e as cores em constante mudança, de azul para verde esmeralda, são o resultado da mineralização e das algas. As fotos que tiramos infelizmente não dão a noção exata do que é o lugar.
Fomos no verão, com pouca água passando pelos lagos e cachoeiras. Conversamos com algumas pessoas que foram no inverno e eles comentaram que é simplesmente surreal como o parque fica.
Se você não for um grande fã de trilhas/caminhadas e mesmo assim quiser conhecer Plitvice, não invente de fazer a rota mais longa. Vá na mais curta e seja feliz.
Algumas dicas: não leve uma mochila cheia de coisas pra uma trilha (2 dias de dor nas costas) - lá tem vários pontos com lanchonetes para você comer e comprar água, use um tênis confortável (7 dias com o calcanhar machucado), converse com os patos do lugar (eles respondem), use um bonezinho para proteger o cucuruto e use muito protetor solar, especialmente se você for no verão.
Zadar
Mini raio-x de Zadar:
População: ~70.000
É a maior região de planície da Dalmácia
Nosso roteiro foi o seguinte:
Plitvice até Zadar de carro: ~2h
Chegada, passeio e saída: 10/set
A nossa próxima parada foi Zadar. Não chegamos a ficar muito tempo na cidade, apenas o suficiente para ver o Órgão do Mar (Sea Organ) e dar uma passeada pelo lugar.
O Órgão do Mar, inaugurado em 2005, foi criado pelo arquiteto e artista local chamado Nikola Bašić e é uma sinfonia do mar, literalmente. As ondas do Adriático fazem música enquanto fluem através de aberturas subaquáticas, criando uma melodia meio estranha, única e hipnotizante. Uma experiência sensorial, eu diria - o duro é que tava quente pra cacete no dia e a gente caiu fora rapidinho. 😅 Mas tem gente que fica por ali tomando um sol. (Vou ficar devendo um vídeo autoral, pois o arquivo ficou muito pesado - mas aqui tem um registro do youtube.)
Ali pertinho fica também outro monumento do mesmo Bašić, o Saudação ao Sol (The Greeting to the Sun) - um conjunto de 300 placas de vidro que armazena energia solar durante o dia e, de noite, oferece um jogo de luzes e cores. Não ficamos pra ver.
Demos uma andada pela cidade para ver as ruínas do Fórum Romano (do período de dominação de Veneza sobre a região) e depois partimos para Split.
Como uma passada rápida, valeu. Se eu voltaria na cidade? Talvez não.
Porém, detesto falar de forma rasa sobre uma cidade onde ficamos apenas algumas horas. O blog do Hotéis.com fez um artigo com 10 coisas pra se fazer em Zadar:
Praça do Povo
Órgão do Mar e Saudação ao Sol
Museu das Ilusões
Parque Natural de Telascica
Igreja de Santa Maria (Church of St. Mary)
Passeio de barco a remo
Portões de Zadar
Pašticada (prato típico)
Mercadão de Zadar
Assistir ao pôr do sol
Curiosidade: Zadar e outras cidades da Dalmácia foram vendidas por 100 mil ducados em 1409 para a República de Veneza. O controle da região pelos venezianos durou até a queda de Veneza, em 1797.
O cachorro Dálmata, sim, é da Dalmácia
Muito antes da Disney popularizar mundialmente o Dálmata (com os "101 Dálmatas"), saiba que esta raça já era extremamente popular na Idade Média na região da República de Ragusa/Dubrovnik.
Os belos cachorros malhados cheios de pintinhas eram usados por soldados para vigiar as fronteiras da região e, na Inglaterra, acompanhavam as carruagens dos nobres. Nos EUA, o Dálmata tornou-se o "cachorro-bombeiro" e companheiro de São Floriano, o padroeiro dos bombeiros.
Desde 1994, o Dálmata é considerado uma raça indígena croata pela Organização Canina Mundial.
Split
Mini raio-x de Split:
População: ~178.000
De onde saem vários passeios para as ilhas "em frente"
Tem a catedral católica mais antiga do mundo
Lugar onde o último imperador romano foi morto (!)
Nosso roteiro foi o seguinte:
Zadar até Split de carro: ~1h40
Chegada: 10/set
Passeio: 11 e 12/set
Saída: 13/set
Hotel: Sleep Split
Split surpreendeu. O primeiro dia inteiro na cidade nós dedicamos a conhecer a região central, onde fica o Palácio de Diocleciano. Se você é do tipo que gosta de ver coisas antigas preservadas com carinho: Split é um lugar sensacional pra se conhecer, assim como muitos outros da Croácia.
Aproveitamos para ir ao excelente Šug, restaurante indicado no guia Michelin não com estrela, mas com o selo Bib Gourmand: "good quality, good value cooking". A comida estava deliciosa e achamos realmente o preço bem em conta.
Comemos uma sopa de tomate incrivelmente saborosa por honestíssimos 5 euros. Muito, muito, muito barato pela entrega. Foi a melhor sopa de tomate que já experimentamos, de longe.
Do meu lado, comi também uma filé de atum com vegetais e uma porção de vegetais grelhados na brasa (uma delícia). A Júlia comeu o peru com nhoque. Tomei também dois Whiskey Sour a la Šug, o drink da casa: nota 10. Dependendo do dia que você vai, eles também oferecem um menu degustação. Sério, se você vai a Split, precisa conhecer este lugar.
Ficamos hospedados no Sleep Split, um dos vários hotéis boutique que existem pelo centro. Hotel bom, pertinho de tudo e com um mercadinho do lado. Recomendado.
Passeio de quadriciclo em Trogir
Ainda no primeiro dia, só que de tarde, aproveitamos para fazer um passeio de quadriciclo pela região de Trogir. Se você gosta deste tipo de passeio, vá. Se for pensando em ver belezas naturais da região, desencana - as paradas são rápidas e você acaba não aproveitando tanto. Prepare-se para o poeirão desse tipo de passeio, leve boné e protetor solar.
Passeio de speedboat pelas ilhas de Brac, Hvar, Stari Grad e Solta
O segundo dia foi dedicado a um passeio de speedboat (9h de duração) que saiu de Split e nos levou a 3 lugares das ilhas de Brac, Hvar e Solta: Podhume, Stari Grad e Brusje. O Instagram da turma que fez o passeio é este aqui. Este é um daqueles passeios que você precisa fazer.
Existem várias outras experiências que você encontra no AirBnb ou Get Your Guide, com barcos maiores/menores, luxuosos/simples, mais baratos e/ou com menos tempo. Tem até barco a vela. Escolha o que mais lhe apetece e seja feliz. A recomendação que eu dou é: faça o mais longo. Deve ser frustrante fazer um passeio desses em apenas 4 horas.
Eu vou tentar ser didático e justo na minha avaliação. Eis os o pontos positivos:
Barco rápido (2 motores) - chega e volta rápido e você ainda se diverte com os drifts no mar;
Paradas estratégicas para se refrescar na água, que estava ligeiramente refrescante (fria?), porém compensava demais o mergulho por conta do sol forte;
Sem pressa para ficar indo de um lugar para outro;
Sem maluquice de ficar visitando caverna (Blue Cave, por exemplo), pegar fila pra ficar 5 minutos dentro tirando foto (tem gente que gosta…);
Almocinho com peixe, salada e vinho local (incluído no preço);
Tripulação muito gente boa e você ainda conhece pessoas de outras partes do mundo (ok, no nosso passeio todos eram norte-americanos).
Pontos negativos:
Nenhum;
Ok, o preço: é caro, porém o passeio dura o dia inteiro e o almoço está incluso.
Em uma das paradas (nas baías de Brac), em Smrka, entramos em um túnel, outrora um bunker militar (da Segunda Guerra Mundial) e hoje um depósito usado por pescadores da região.
Demos uma pingada de cerca de 1h30 em Stari Grad, um lugar simplesmente incrível (comento abaixo em detalhes). Tanto é que acabamos indo duas vezes lá - nessa parada rápida e depois na volta de Hvar, ficamos mais algumas horas.
O almoço foi em Brusje, em uma casa transformada em restaurante e que recebe turistas dos passeios. Ali paramos pra tomar um vinho e comer peixe com batata e salada (e uma pequena aula de como desossar um peixe). Aproveitamos pra descansar um pouco, tomar um sol e andar de stand up paddle.
Mais pro final do passeio, o barco dá uma paradinha no mar (perto de Solta) pra quem quiser ver os destroços do Kontesa, embarcação turística que naufragou em 2010.
Dica de ouro: como boa parte das praias na Croácia é de pedras (seixos), leve uma sapatilha de borracha. Seus pés agradecem e o passeio vai ser muito mais legal, pois você vai poder entrar na água sem medo. Na hora de escolher o número, meça seu pé e escolha o número exato, nunca maior - você vai andar dentro da água e é legal que o sapato fique bem apertado no pé.
Stari Grad (na ilha de Hvar)
Mini raio-x de Stari Grad:
População: ~2.700
Patrimônio Mundial (Unesco)
Ficamos encantados com Stari Grad (na ilha de Hvar), uma das mais antigas cidades europeias e, desde 2008, Patrimônio Mundial da Unesco. Stari Grad foi a primeira ilha que paramos no passeio de speedboat. Deixa eu fazer uma avaliação rápida: puta que pariu, que lugar incrível.
Se você leu atentamente o início deste texto, ficou sabendo que existem mais de mil ilhas na Croácia. Vale a pena dar uma olhada nesta página sobre as ilhas, como um pequeno aperitivo.
Pois bem. Stari Grad é a maior planície fértil das ilhas do Adriático e as vinhas e olivais da região permanecem praticamente intactas desde a colonização pelos gregos. A história conta que, no verão de 385 a.C., um grupo de cerca de cem famílias foi enviado de Paros (no Mar Egeu) à Baía Jônica (como os gregos chamavam o Adriático) para estabelecer uma colônia. O destino: Hvar.
A terra foi então dividida entre os colonos e pedras de fronteira foram esculpidas, com os respectivos nomes dos proprietários. No ano seguinte, a cidade foi atacada pelos Ilírios, que dominavam a ilha. No entanto, estes foram derrotados e os gregos acabaram ganhando o controle de toda a planície onde hoje é Stari Grad. Vestígios de mais de 60 luxuosos edifícios e alojamentos foram encontrados até hoje.
Na nossa primeira parada, demos um giro rápido pelo lugar e conhecemos uma casa restaurada de um edifício grego antigo - conhecido como Tvrdalj spa house, a casa de verão do poeta croata Petar Hektorović.
A história diz que, no século 16, a ilha foi atacada pelos turco-otomanos. E Hektorović, um dos nobres da região, fortificou a casa para servir de abrigo aos cidadãos.
Como o tempo era curto, comemos um carpaccio e tomamos um vinho rosé no Antika (vale dar uma olhada nos restaurantes sugeridos pelo guia Michelin em Stari Grad). Mas gostamos tanto da cidade e do restaurante que prometemos voltar. E o Antika estava nos nossos planos.
Voltamos para Split e, no dia seguinte, partimos de balsa para Hvar (comento abaixo). Por lá ficamos 3 dias e, no dia da volta, como fomos de carro para a ilha (de ferry/balsa), decidimos dar um pulo novamente em Stari Grad. Decisão mais do que acertada - reforço que o lugar é belíssimo e merece muito ser visitado.
Na segunda ida ao Antika, pedimos uma tábua de frios EXTREMAMENTE generosa e gostosa (22 €), que teria dado conta tranquilamente da nossa fome. Porém já havíamos pedido também os pratos principais: gnocchi ao pesto (15,50 €) e o dry-aged grilled steak com beterrabas (36 €).
Stari Grad tem estrutura boa de hotéis, restaurantes e lojinhas. É um dos lugares que você não deve deixar de ir.
A ilha de Hvar
Mini raio-x de Hvar:
População: 11.000
A ilha com o maior número dos patrimônios da Unesco no mundo
Nosso roteiro foi o seguinte:
Split até Hvar de balsa (transportando o carro alugado): ~2h15, via Jadrolinija (se você vai sem carro, o catamarã é bem rápido e leva cerca de 1h)
Chegada: 13/set
Passeio: 14 e 15/set
Saída: 16/set
Hotel: Amfora Hvar Grand Beach Resort
Depois de Split e os passeios, pegamos uma balsa e partimos para a ilha de Hvar (pronuncia-se "Ruár"), famosa e comparada frequentemente com Capri (Itália). Decidimos pegar a balsa de carro, para, no último dia, dar um passeio pela região - e, claro, voltamos a Stari Grad, que você já leu acima.
Tal qual Capri, Hvar tem muita pegadinha pra turista - ou seja: bares e restaurantes caros e com drinks e comidas fracas. Vale dar uma boa olhada nas avaliações dos lugares no Google e, claro, usar o bom e velho Guia Michelin.
Bom, o que fazer em Hvar? A minha principal dica seria realmente conhecer Stari Grad, que fica a poucos minutos de carro do centro de Hvar. Existem algumas outras praias interessantes ali por perto. Por conta das águas cristalinas, muita gente faz mergulho ou, claro, aproveita os dias quentes para velejar. Certamente são bons programas e você não vai se arrepender.
Aproveite também a golden hour para passear pelas vielas da praça principal, visitar a fortaleza de Fortica e o Convento Beneditino. Se você gosta de tirar fotos, é um prato cheio.
Fomos também em dois lugares que vale comentar: Carpe Diem e Mediterraneo.
O Carpe Diem é um beach club/casa noturna localizado na ilha de Stipanska, a cerca de 10/15 minutos da ilha de Hvar (o tempo varia de acordo com o barco que você vai). As famosas baladinhas começam no final da tarde e vão até de madrugada. Quando fomos (meio de setembro), as festas já não aconteciam mais - aproveitamos a ida pra tomar sol e descansar. E, sim, o lugar é bem caro - seja pra tomar drinks ou comer. Aliás, tudo o que comemos lá estava simplesmente muito bom. Surpreendente, até. (Não fomos ao outro beach club famoso de Hvar, o Hula Hula.)
O Mediterraneo existe há mais de 70 anos e fica ali na região da praça/porto. O grande destaque são os peixes e os frutos do mar. Pedimos de entrada um tartar (ótimo) e uma salada (sem graça e sem tempero), a excelente e tradicional gregada (prato local com peixe e frutos do mar variados, alho, cebola e molho de azeite) e um prato de filé-mignon. Se você pretende ir lá, faça reserva. O restaurante fica cheio.
O ponto alto da experiência no Mediterraneo foi a forma como eles servem o couvert. junto com o pão, o garçom coloca no seu prato um pouco de azeite (extremamente bom), balsâmico envelhecido, sal e pimenta moídos na hora para você chuchar o pão artesanal. Teste essa combinação em casa, não vai se arrepender.
Ficamos hospedados no Amfora Hvar Grand Beach Resort, a cerca de 10/15 minutos a pé do centrinho, com excelente piscina e área pra relaxar e tomar sol. O café-da-manhã tem muitas opções.
Dubrovnik
Mini raio-x de Dubrovnik:
População: 41.562
A jóia da coroa da Croácia
Patrimônio Mundial da Unesco
Locação de Game of Thrones
Nosso roteiro foi o seguinte:
Split até Dubrovnik de carro: ~4h (pela costa)
Chegada: 16/set
Passeio: 17-18-19/set
Saída: 20/set
Hotel (Airbnb): Hillside Studio
Nossa última parada na Croácia foi em Dubrovnik. Nosso primeiro contato com a cidade, ao chegarmos de noite, foi a cidade murada (ou cidade velha/old town) - que lugar maluco e excelente para gravar Game of Thrones, pensamos.
Aproveitamos para conhecer o Taj Mahal, restaurante de cozinha bósnia. Pedimos um combo de três pratos especiais da casa. Se a comida não empolgou, também não decepcionou.
No dia seguinte, decidimos fazer a caminhada pelas muralhas - e a recomendação é fazer logo no começo da manhã, a fim de evitar a horda de turistas e o calor infernal que faz entre 10h e 16h. Há também alguns passeios guiados, que contam a história da cidade e mostram onde as cenas de Game of Thrones foram gravadas. Decidimos fazer o caminho sozinhos, pegando o city card, que dá direito a andar por qualquer parte.
Se você gosta de vistas e tirar belas fotos, esse artigo aqui lista as 10 vistas mais legais de Dubrovnik e este outro, os principais monumentos da cidade.
Uma pena que acabamos não indo no Buža Bar, cravado nas pedras da muralha e que pega a brisa direta e o barulho do mar.
São muitas as lojas e atrações na cidade murada - da loja de doces croatas a lojas de produtos feitos em porcelana ou às dezenas de sorveterias ou de coisinhas de Game of Thrones e até mesmo algumas lojas de patinhos de borracha. Dá pra perder fácil 1 dia inteiro pelo lugar, embora seja aconselhável quebrar a visita em pelo menos dois dias, levando em conta o sol e o calor.
Dentro das muralhas, sabíamos que tinha muita coisa pega-turista (cara e sem graça) - mas precisávamos almoçar e fomos na Trattoria Carmen, que tinha uma nota boa no Google.
Próximo à escadaria da vergonha (de Game of Thrones, é claro, pois a escadaria não tem esse nome), Johny The Boss nos deu as boas-vindas - ou nem tanto.
Fora da cidade velha, almoçamos no Konoba Dubrava - o prato que pedimos era simplesmente GIGANTESCO. Vale se você estiver com aquela vontade monstra de comer muitas carnes.
Muita gente usa Dubrovnik como base para visitar outros países próximos, como Montenegro e Bósnia. Vale ver se o bate-e-volta vale a pena mesmo: são algumas horas entre ir e voltar de carro, fora o cansaço.
Culture Club Revelin
Em uma das noites, fomos ao Culture Club Revelin, famoso pelas festas de música eletrônica (eleito em 2023 o 20o melhor club pela DJ Magazine). O dia em que fomos não estava cheio e nem a música estava muito empolgante, porém valeu a visita. O destaque negativo foi a bebida extremamente cara.
O Revelin fica dentro de um forte de mesmo nome, construído ao lado das muralhas em 1463 e parte do complexo de defesa do Portão de Ploče. Os terraços do forte também são usados como palco de apresentações do Festival de Verão de Dubrovnik. Para os mais safadinhos, há uma espécie de casa de entretenimento adulto disfarçada de speakeasy no subsolo.
Banje Beach Club
Reservamos um dos dias para ir em um beach club e acabamos escolhendo o Banje pela proximidade ao nosso Airbnb e também pela vista: pertinho das muralhas. Negociamos 2 camas com guarda-sol por 20 euros na areia/pedra. O Banje oferece também um deck de madeira e uma área interna para almoçar/jantar. Dica: vale a pena negociar o preço das cadeiras/camas, especialmente se você vai fora da alta temporada. Eles costumam jogar o preço lá em cima. Conseguimos um desconto de 50%.
O atendimento não era grande coisa, porém estávamos tomando um sol na praia, com uma vista sensacional e os drinks eram bons e com preço razoável. Aqui as sapatilhas de borracha são vitais para entrar na água.
Chegamos a pensar em ir ao Copacabana Beach, porém era longe e as coisas pareciam caras, pelas avaliações no Google.
O lugar que ficamos em Dubrovnik, um Airbnb, valeu muito a pena e tinha uma das melhores vistas da região - sério, apenas olhe as fotos abaixo.
Ilha de Lokrum
Outro ponto que parecia interessante mas que também acabamos não indo é a ilha de Lokrum. Lá, são duas praias para banhistas, um jardim botânico, um mosteiro beneditino transformado em restaurante (também locação de Game of Thrones) e uma zona para naturistas. Vale dizer que a ilha não é habitada - ou seja: é ir e voltar no mesmo dia.
Gostou? Sentiu falta de alguma coisa?
Ótimo relato, parabéns pelo trabalho! Estou pensando em ir para a Croácia ano que vem e seu post ajudará muito! Tb tenho um blog de viagens www.viajandoparabuscar.com.br
Obrigada!