Sicília em 10 dias: de Taormina a Palermo
Qual a primeira coisa que te vem à cabeça quando você pensa na Sicília? Máfia? Limão siciliano? O Etna e as ilhas vulcânicas da região? Ou o calor intenso durante boa parte do ano?
Ou ainda as referências gastronômicas em "Comer, Rezar e Amar"?
Embora eu tenha pesquisado e lido algumas coisas sobre, a Sicília ainda era uma incógnita pra mim. Sabia do clima, da gastronomia, das belíssimas paisagens, de alguma coisa sobre a máfia, é claro… mas confesso que aprendi muito mais sobre o lugar agora, escrevendo esse texto.
Uma das coisas que mais me intrigou e provocou interesse foi a (grande) influência árabe na região. Isso porque, durante a ocupação dos Mouros no período das Cruzadas (século IX), os árabes trouxeram ingredientes como o arroz, o açúcar, a canela, o açafrão, a berinjela, além de técnicas de cozimento e produção de frutas secas (figos e uvas passas, por exemplo).
Na nossa viagem, partimos de leste a oeste, sempre pelo norte da ilha - saindo de Reggio Calabria e chegando em Palermo. Iniciamos nossa jornada pela Sicília no dia 20 de setembro de 2023 e ficamos até o dia 30.


Cidades/lugares que visitamos:
Taormina
Monte Etna (bate-e-volta)
Savoca (bate-e-volta)
Giardini-Naxos
Salina Isole Eolie
San Vito Lo Capo
Palermo
Obviamente montar esta lista foi difícil. Queríamos conhecer o famoso "essencial" (Taormina, Etna, Palermo), mas também pegar algo diferente, como foram os casos da ilha de Salina e San Vito Lo Capo. Optamos por fazer o caminho de leste para oeste pois chegamos por Reggio Calabria, vindos da Croácia. Como eram apenas 10 dias e a gente não gosta de fazer aquele pinga-pinga que muitos fazem, fechamos nossa seleção em 4 paradas, não contando Etna e Savoca (que foram bate-e-volta).
Olhando em retrospecto, eu acredito que a escolha tenha sido muito acertada. Taormina é realmente um lugar incrível, ficar em Salina foi espetacular, conhecer San Vito Lo Capo foi sensacional e finalizar em Palermo e passear pelo centro histórico foi relaxante. Ir de um lugar a outro de carro (um Fiat 500) foi muito útil e, também, bacana, pois pudemos aproveitar as paisagens e ter flexibilidade no deslocamento.
Este foi o nosso roteiro:
Vale dizer que há toda uma rota ao sul da Sicília que muita gente explora: Siracusa, Ragusa, Licata, Agrigento, Sciacca, Marsala, Lampedusa, Trapani etc. Caso tenha caído aqui buscando por Sicília, recomendo também uma busca mais completa e entender o que mais te agrada nesta região.
Mas a minha dica sempre é: não queira visitar tudo em poucos dias. Esse tipo de viagem merece ser feita com calma. Ficar mudando de cidade só vai gerar estresse e cansaço, além de você não aproveitar as coisas direito. Sicília merece ser visitada e revisitada.
Chegamos por Reggio Calabria e pegamos um Fiat 500 alugado na Sicily by Car. Afinal, quer um carro melhor do que o 500 pra conhecer a Sicília?
Tentei criar um material que ajude quem pretende viajar pela primeira vez à Sicília, trazendo informações sobre a região e, claro, os lugares que fomos. Procurei colocar também muitas fotos pois acredito que isso ajuda quem está pensando em visitar um lugar. Deixei de fora os lugares que fomos e não gostamos. Tudo o que está aqui nós fomos e aprovamos (salvo alguns lugares que eu achei interessante citar, mesmo que não tenhamos ido).
Vale também dar uma olhada no site oficial dedicado ao turismo na Sicília.
Clima e temperatura na Sicília
O clima da Sicília é o famoso mediterrâneo: temperaturas quentes e secas no verão e alguma chuva e temperaturas mais baixas no inverno.
Recomendo uma passada pelo Weather Spark onde fiz esta seleção de cidades para entender as temperaturas de cada mês:
Repare que, mesmo ainda em setembro (quando estivemos lá), as temperaturas ainda são altas (na verdade, quase perfeitas
Raio-x da Sicília
Onde fica: Sul da Itália
Capital: Palermo
População: 4,8M (Itália: 61M)
Moeda: Euro
Línguas: Italiano e o Siciliano
PIB: 89.36B (Euro)
PIB per capita: US$ 34,040
IDH: 0.848 (Itália: 0.897) [quanto mais alto, melhor]
Expectativa de vida: 81.3 anos (Itália: 82,34)
Personalidades: Arquimedes, Luigi Pirandello (Nobel de Literatura), Giuseppe Tornatore (Cinema Paradiso), Tommaso Buscetta (máfia)
4 Papas nasceram na Sicília
A Sicília é a maior ilha no meio do Mar Mediterrâneo - e fica lá no sul da Itália, pertinho do pé da "bota". Tem uma longa e rica história - já foi reino, emirado árabe e, durante um tempo (mais recente), partes da região foram comandadas pela máfia. Com toda essa mistura, a Sicília é um imenso caldeirão de influências. A capital, Palermo, é a quinta maior cidade do país e é famosa pela comida e seus mercados de rua.
A Sicília é uma região autônoma da Itália e está dividida em 9 províncias: Agrigento, Caltanissetta, Catania, Enna, Palermo, Messina, Ragusa, Siracusa e Trapani. Vale dizer que as ilhas eólias também fazem parte desta região autônoma.
Não é preciso nenhum visto especial para entrar na Itália, apenas passaporte com validade maior do que 6 meses.
A Sicília é também famosa pelo Etna (ao leste) e suas ilhas de intensa atividade vulcânica (vale citar Stromboli e Vulcano).
Uma curiosidade é de que, dependendo de onde você está na ilha, você vai ser banhado por diferentes oceanos - Mar Jônico, Tirreno ou Mediterrâneo.
Uma rápida história da origem da Sicília
A história conta que a Sicília é habitada há pelo menos 10 mil anos. A localização, no centro do Mediterrâneo, a transformou em uma espécie de ponto de encontro da história - e fez da ilha uma região disputada por várias culturas ao longo do tempo.
Os gregos foram o primeiro povo que por ali chegou e três grupos ocupavam a ilha: os Siculi no leste, os Sicani a oeste do rio Gelas, e os Elímios no extremo oeste. Os Siculi deram o nome à região e falavam uma língua indo-europeia, enquanto não há registros das línguas dos outros povos. A história registra também assentamentos fenícios.
Os gregos, entre os séculos VIII e VI a.C., estabeleceram as primeiras cidades sicilianas, mas o centro montanhoso permaneceu nas mãos dos Siculi e Sicani, que gradualmente adotaram influências helenísticas em sua cultura, conta este artigo da Britannica.
No século III a.C., a Sicília se tornou a primeira província romana. O general bizantino Belisário ocupou a ilha em 535 d.C., no início das hostilidades com os Ostrogodos na região onde hoje é a Itália. Após um curto período, a Sicília passou a estar sob o domínio bizantino.
Outra reviravolta aconteceu em 965, quando a ilha foi conquistada pelos árabes do Norte da África. Vem daí a grande influência árabe em muitas cidades, como San Vito Lo Capo, onde estivemos.
Já em 1060, os normandos conquistaram a Sicília e progressivamente latinizaram a ilha. Nos séculos XII e XIII, a ilha fez parte do Reino das Duas Sicílias (ou Nápoles) e, no século XVIII, a região foi governada pelos Bourbons.
Durante o século XIX, a ilha foi um importante centro de movimentos revolucionários: em 1860, como resultado da revolta de Giuseppe Garibaldi, foi libertada dos Bourbons e, no ano seguinte, foi incorporada ao Reino Unido da Itália. Em 1947, a Sicília obteve autonomia regional.
Vale a pena conhecer a Sicília?
A resposta é totalmente sim. Foi nossa segunda vez à Itália e com certeza voltaremos.
Vale dizer que a Sicília possui 7 locais que são reconhecidos pela UNESCO como Patrimônios Mundiais:
O Vale dos Templos de Agrigento
Villa Romana del Casale
Ilhas Eólias
As Cidades do Barroco Tardio do Val di Noto
Siracusa e a Necrópole Rochosa de Pantalica
Monte Etna
Palermo Árabe-Normanda e as Catedrais de Cefalù e Monreale
É pouco ou quer mais? Você vai entender porque a ilha é tão especial… espero que goste da leitura!
Taormina, Monte Etna e Savoca
Mini raio-x:
Taormina: cenário chique de "White Lotus"
Monte Etna: maior e mais ativo vulcão do mundo
Savoca: vilarejo onde foi filmado "O Poderoso Chefão"
Nosso roteiro foi o seguinte:
Chegada: 20/set
Dias de passeio: 21, 22 e 23/set
Saída: 24/set
Hotel: Terme Luxury
Taormina foi a nossa primeira cidade na Sicília e nos serviu de base para ir até o Monte Etna (dispensa apresentações) e Savoca, o vilarejo onde "O Poderoso Chefão" gravou diversas cenas. Comento sobre ambos os lugares mais abaixo.
Fomos de carro pra lá (um super Fiat 500), o que foi bom e ruim. Bom porque chegamos no nosso tempo e a viagem foi legal (saímos do aeroporto de Reggio Calabria). Mas ruim pois a cidade tem pouco lugar para estacionar. Caso você vá motorizado, fique atento - caso seu hotel tenha vaga, ótimo. Caso não, recomendo pensar na logística de estacionamento, pois há poucas vagas no centrinho.
Falando em centrinho, a parte onde as lojas e a muvuca ficam é a Corso Umberto, um calçadão que tem início na Porta Messina e fim na Porta Catania. Você não vai se arrepender se ficar hospedado nesta região. Não deixe de explorar o trecho de cabo a rabo, com a devida calma.






A gente ficou hospedado no Terme Luxury Suite, um triplex colado na Porta Messina bem completinho: sala com TV, quarto com TV e ar-condicionado e uma área superior com cozinha e um espaço para tomar sol.
Quando fomos para Taormina, eu não sabia que cenas do filme "Meia-noite em Paris" (Woody Allen) tinham sido filmadas lá. Mas o hype em cima da série "White Lotus" (HBO) foi bem grande e existem até passeios (caros) que vão de bike pelos lugares das gravações e terminam em um menu degustação. O San Domenico Palace, do Four Seasons, onde parte de uma temporada da série se passa, foi construído como um monastério no século XV e fica em um penhasco com vista para o Mar Jônico, além de você conseguir avistar o Etna e o teatro grego. (As cenas de praia foram filmadas em Cefalù.).



Desde 1896 o espaço funciona como um hotel de luxo e já recebeu hóspedes famosos como Oscar Wilde, Elizabeth Taylor, Richard Burton, Sophia Loren e Audrey Hepburn. Não precisa nem dizer que o hotel é caro. Reservas para setembro de 2024, por exemplo, saem por 13 mil reais - a diária.
O Una Hotels Taormina também foi cenário para algumas cenas de beach club em "White Lotus". Nós até tentamos ficar por lá uma noite, mas as reservas estão sempre esgotadas. A vista do mar parece valer muito a pena, mas você precisa planejar com alguma antecedência.
Pois bem. Taormina é realmente encantadora. Tal qual Capri ou Hvar na Croácia, a cidade vive em torno do turismo e tem centenas de atrações. Vale muito a pena ficar pelo menos dois dias inteiros por lá, conhecendo alguns pontos realmente incríveis da cidade e indo em lojas e bares e restaurantes.
Saiba também que diversos escritores já passaram temporadas curtas ou longas por lá: Goethe, D.H. Lawrence, Tennessee Williams, Oscar Wilde e Truman Capote. Chique.
Taormina foi fundada pelos gregos em 358 a.C. com o intuito de ser uma cidade-fortaleza. Ao longo dos séculos, foi dominada por romanos, árabes, normandos e outros povos. No século XIX, a cidade também foi uma parada do Grand Tour, uma espécie de tradição cultural que floresceu entre a aristocracia europeia. A jornada era uma peregrinação educacional, na qual jovens aristocratas, predominantemente britânicos, franceses e alemães, embarcavam em uma viagem prolongada pela Europa para aprimorar seus conhecimentos em história, arte, literatura e línguas. Lembra das aulas de história que falavam da Belle Époque?



O Teatro Antico de Taormina
O Teatro Antico talvez seja o principal cartão postal de Taormina. De fato: o lugar é lindíssimo e impressiona. Foi erguido pelos gregos no século 7 a.C. e ganhou novos traços com os romanos, que o usaram para lutas entre gladiadores (ah, o delicioso pão de circo dos romanos…).


Você pode visitar o teatro durante o dia ou ir em uma das concorridas apresentações noturnas. Obviamente vale dizer que o teatro é todo aberto e as cadeiras na verdade são os degraus - então não espere conforto. Porém a vista é fascinante e você consegue ver o Mar Jônico e o Etna. Não deixe de ir.
A gente optou por assistir a uma das apresentações, no caso um show do Umberto Tozzi - cenário lindíssimo, show chatíssimo. Fica o registro.
Se você aprecia monumentos romanos, não deixe de ir à Naumachia, próximo à Porta Catania. Diz a história que o nome vem dos jogos de batalhas navais que os romanos costumavam jogar.
Villa Comunale
Outro lugar muito interessante é a Villa Comunale, um parque/jardim público estilo inglês no qual você pode se sentar nos bancos e dar uma relaxada ou simplesmente aproveitar a visão da baía de Naxos ou do Monte Etna. Não deixe de apreciar as "Follies vitorianas", construções em estilo arabesco que você vê nas fotos abaixo.




A parte gourmet
Comemos em três lugares dignos de nota, que eu comento abaixo.
Vou começar pelo Gourmet 32, o mais italiano e que fica bem no centrinho de Taormina. Calhou de irmos nele pois nossa reserva na Taverna Don Nino foi cancelada. Pois bem: comida boa e clima super agradável com uma banda tocando aquelas músicas italianas que todo mundo conhece. Comemos um paccheri (massa em formato de tubos) com atum branco, alcaparras, azeitonas e tomate cereja (€ 16) e um risoto com cogumelos porcini, creme de trufas negras e pecorino (€ 18). Preço ok e comida boa.


Já o Circe tem outra proposta: é um espaço tremendamente bonito e especializado em drinks e charcutaria. Pra começar, a gente tomou um old fashioned defumado (oldinho para os íntimos, excelente) e alguns drinks da casa. Pra comer, a gente foi na tábua com especialidades sicilianas (Siciliano Dop, 29 euros): presunto cru de porco preto Nebrodi (36 meses de maturação), presunto cozido de búfalo Ragusa, mortadela, salame, queijos Ragusano DOP (origem controlada), Piacentinu ennese, Tuma persa, queijo de cabra Girgentana. Estava tudo muito bom.


O Nunziatina foi a opção mais requintada da nossa passagem por Taormina. O restaurante, que tem uma proposta de comida mediterrânea moderna, fica próximo ao San Domenico Palace, inclusive. A comida e os drinks são excelentes, mas o preço é bem caro.


Fica também sempre a dica de dar uma olhada no Guia Michelin de Taormina e ver se algo lhe apetece.
O lido e a praia do Tao Beach Club (e Isola Bella vista de cima)
No nosso dia de praia, fomos ao Tao Beach Club. O Tao é um "lido" - ou seja, você paga para ter acesso à praia. Negociamos e pegamos uma cama e 2 cadeiras com 50% de desconto. Vale a dica: se você vai fora de temporada, sempre negocie o preço. Escolhemos o Tao pela proximidade.
Aqui fica a dica de você levar uma sapatilha de neoprene para andar na areia de pedras ou entrar no mar. Seus pés agradecem. Você vai ter uma experiência muito mais legal.


Não chegamos a descer em Isola Bella (foto abaixo) - uma ilhota conectada por um pequeno istmo de areia e pedras. Mas conseguimos ter uma visão de cima, em uma tarde em que simplesmente saímos andando pela cidade e pelas escadarias. Muita gente vai pra lá para ver o pôr do sol. Na ilha, há um pequeno museu natural. Na região, há também um lido, o Mendolia Beach Club.
Ida ao Monte Etna (e um verdadeiro banquete)
Com 3.357 metros e ocupando uma área de 1.190 km², o Monte Etna é o maior vulcão ativo da Europa. E quando eu falo "ativo", é realmente ativo: algumas semanas atrás, entrou em erupção (25/nov/2023) e espalhou lava e cinza pelas encostas.
O Etna tem erupções desde pelo menos 1500 a.C. A de 1983, por exemplo, durou cerca de 4 meses. No final de 2001, a erupção foi tamanha que o governo decretou estado de emergência na região. Inclusive, foi nesta erupção que o pai do guia do nosso passeio "perdeu" seu hotel, soterrado pela lava.
Aliás, Etna, do grego Aitna, pode ser traduzido como "eu queimo". Na mitologia grega, Aitna era a filha de Urano (céu) e Gaia (terra) e a deusa do vulcão (aha, por essa você não esperava).
Mas vale dizer que o Etna não é apenas "um" vulcão - no monte, há cinco grandes crateras e, no chamado edifício vulcânico, são dezenas de crateras menores. E, ah, o Monte também é um Patrimônio Mundial, selo que foi dado pela Unesco em 2013.
A gente foi até a sede da Agriturismo Tenuta San Michele de carro (~40min de Taormina). De lá, pegamos um jeep do passeio e partimos rumo ao Etna. O caminho é todo asfaltado e dá pra ver algumas pequenas casas destruídas ou marcadas/abandonadas pelas erupções e outras recentes, que ainda são usadas de hospedagem por quem fica alguns dias pela região para fazer trekking ou ciclismo. Aliás, tem até uma prova que passa pela região do Etna - Cycling Sicily. Você encontra alguns passeios (inclusive de bike) pelo Etna no Get Your Guide, no Go-Etna ou no Airbnb mesmo (nossa escolha foi esta).






Perto do Etna, ainda há vilarejos habitados, como Castiglione di Sicilia, que oficialmente tem cerca de 3 mil habitantes, além de uma porção de pousadas e pequenos hotéis de luxo (dica: procure por Etna no Booking ou no Airbnb). A rocha basáltica, resultado da lava endurecida, é usada para edificar ruas e casas na região. Uma das "ruas" que pegamos, aliás, era toda feita de lava endurecida.
Fomos no verão, pleno calor, como você pode ver pelas fotos. No inverno, fica tudo coberto de neve e as crateras viram imensos escorregadores. Aliás, se você vai no inverno, saiba que existem estações esqui tanto na parte sul (Nicolosi em Piazzale Rifugio Sapienza) quanto na norte (Piano Provenzana-Linguaglossa). Não há avalanches no local e é possível inclusive fazer aulas e alugar equipamentos.
O nosso passeio durou cerca de 5h e o guia nos levou a algumas crateras e, no final, a gente desceu em duas - a maior, a cratera do ladrão (ou Grotta delle nevi, gruta da neve). Colocamos o tradicional capacete com lanterna e demos uma volta pelo verdadeiro labirinto que é aquilo. É incrível poder ver os caminhos de minhoca que a lava faz e como a temperatura varia dentro e fora.



Sentimos falta de uma explicação sobre tudo aquilo se originou e a parte científica da coisa - mas, sabe, a gente estava de férias e não em uma sala de aula, então valeu a pena.


A região do Etna, com seu solo vulcânico, é ótima para cultivar uvas e é uma das principais regiões produtoras da Sicília.
Os vinhos produzidos lá têm Denominação de Origem Controlada (DOC) e são produzidos em quatro versões: Rosso, Bianco, Bianco Superiore e Spumante. Caso goste de vinho e queira mergulhar e conhecer mais sobre os vinhos do Etna, recomendo este artigo.
A mesma Agriturismo Tenuta San Michele tem um hotel, uma vinícola e um belo restaurante, a Cantina Murgo (ou restaurante San Michele). A minha recomendação é que você faça o passeio logo cedo para perder algumas (deliciosas) horas no almoço ou mesmo fazer uma visita na vinícola da família Murgo.
Nessa visita à Itália, certamente foi o lugar em que mais comemos: na entrada, 6 tipos de comidinhas; no primeiro prato principal, 2 tipos de massa; no segundo, 3 tipos de carne e salada; na sobremesa, um brownie (e o café, é claro). O vinho era servido à vontade por um valor a mais. Pagamos 36 euros por pessoa e saímos de lá rolando com o nosso Fiat 500.
Peço encarecidamente que você veja as fotos abaixo e se imagine comendo tudo isso.






Algumas dicas finais. É possível fazer também um passeio de teleférico perto do Etna e pegar um trem que faz um circuito de 110 km "ao redor" do vulcão, passando pelas cidades de Catania e Riposto (~3h). Vale também dar uma fuçada no site oficial do Parque Etna para entender melhor o tamanho e as partes (dica: use o tradutor do Google Chrome) e nesta página que detalha mais sobre as atrações e o que fazer no Etna em cada estação.
Savoca, a cidadezinha de "O Poderoso Chefão"
Obviamente que não daria para ir até a Sicília e não visitar Savoca, o vilarejo onde foram filmadas cenas do filme "O Poderoso Chefão" ("Il Padrino", no original). Sim, o primeiro filme não foi gravado em Corleone e tão pouco em Palermo - reza a lenda que as cidades não quiseram as gravações por conta do dano que a máfia já havia feito por lá. Mas isso é especulação.
Há ~30 minutos de carro de Taormina, foi um prazer dirigir até lá - próximo à cidade, mais ainda, com uma estradinha estreita e cheia de curvas. Ideal para o nosso bólido italiano Fiat 500.





Você chega, estaciona, anda um pouquinho e já está de frente ao Bar Vitelli - bar do pai de Apollonia, a primeira esposa do Michael Corleone e onde ele pede a mão dela em casamento.
O bar funciona normalmente e você pode entrar para comer e tomar alguma coisa e, claro, tirar algumas fotos. Dentro, fotos dos atores e objetos da época. Em frente ao bar, na pracinha, existe uma pequena instalação em homenagem ao diretor do filme, Francis Ford Coppola. Não preciso nem dizer que também há passeios guiados para lá.






Alguns minutos a pé morro acima e você chega na Igreja de San Nicolò, onde Michael e Apollonia se casaram e que data do século XIII. A igreja funciona e uma parte virou um pequeno museu dedicado ao filme. Uma outra atração religiosa para explorar é a Igreja de San Michele, construída em 1250. Sua fachada apresenta dois portais em estilo gótico-siciliano, ornamentados com arcos esculpidos em arenito.



Savoca é daquelas cidades italianas que pararam no tempo. Além do Bar Vitelli e da igreja, existem algumas poucas casas habitadas (a cidade tem cerca de 1.500 habitantes) e algum comércio de souvenirs e um ou outro bar/restaurante. Essa parte da cidade está até bem preservada. Mas existem algumas construções totalmente abandonadas.
No alto da cidade, se vê o que restou do Castelo Pentefur, uma construção que ninguém sabe ao certo a origem (fenícia, árabe, normanda?) e que, ao longo do tempo, foi o Castelo Real por vontade de Filipe IV, que foi rei de Espanha e Sicília no século XVII.
Durante a Idade Média, Savoca encontrava-se protegida por uma muralha dotada de uma entrada dupla, erguida pelos normandos. Essa imponente estrutura persiste como a atual Porta da Cidade, caracterizada por um arco pontiagudo confeccionado em pedra local.
Forza D’Agrò, distante 20 minutos de carro de Savoca, também foi outra cidadezinha usada como locação do filme. Não chegamos a ir até lá.
E uma passagem rápida por Giardini Naxos
Por um erro logístico nosso, acabamos pegando um dia em Giardini Naxos, uma cidade bem próxima a Taormina. Muita gente acaba ficando lá por conta dos preços mais reduzidos (comparados com Taormina, é claro). Giardini Naxos é a primeira colônia grega na Sicília e abriga praias de areia, como Recanati, Schisò e San Giovanni. Lá existem vários pontos "livres", ou seja, sem cobrança de cadeira/guarda-sol. Como não ficamos muito tempo por lá, recomendo este artigo sobre o que fazer em Giardini Naxos.
Por falar em arredores, muita gente gosta de ir para Castelmola, um vilarejo com cerca de mil habitantes e ~5km acima de Taormina (literalmente no alto do penhasco). Não fomos lá, mas fica a dica de quem gosta de bater perna por escadas.
Isole Eolie: Ilha de Salina, o carteiro e o poeta
Mini raio-x:
População: 2.600
Foi cenário do filme "O carteiro e o poeta"
Nosso roteiro foi o seguinte:
Chegada: 24/set
Saída: 26/set
Hotel: Principe di Salina
A nossa próxima parada foi o hotel Principe di Salina, na ilha de mesmo nome, simplesmente um lugar deslumbrante e um dos mais bonitos em que já estive.
De Taormina/Giardini Naxos, a gente pegou o nosso pequeno bólido (Fiat 500) e partiu rumo ao Porto de Messina, para de lá pegar um barco rumo à ilha. E que viagem, meus amigos. Que viagem estressante - resolvemos pegar o barco rápido e nos sentamos bem à frente na embarcação. O resultado: enjoo, suador, tontura. UM VERDADEIRO CAOS. Sentando na frente, absorvíamos todas as "pancadas" que a proa do barco tomava, uma vez que o barco rápido era realmente muito rápido (Liberty Lines). A tripulação ria e passava com saquinhos para quem precisasse vomitar. Alguns não conseguiram pegar os saquinhos e o cheiro subia... A minha dica é: se você for neste barco, procure sentar-se na região do meio. A nossa volta, no mesmo tipo de barco, foi bem mais tranquila usando esta dica.



Mas divago. Voltemos à ilha e ao hotel - Principe di Salina, maravilhoso, sem palavras. Quero dizer, muitas palavras. O quarto que pegamos, logo acima da piscina de borda infinita, tinha uma vista sensacional para o mar. De lá, à noite, era possível ver também a erupção de outro vulcão, na ilha de Stromboli (~50km de distância).
A decoração do hotel é espetacular, desde os mimos e detalhes do quarto, passando pela varanda com rede, até os objetos das áreas comuns. Obviamente, a paisagem ajuda muito. E vale dizer que o hotel também faz jantares temáticos, para que você não precise sair em busca de comida.









Se você gosta de aventuras nas ilhas, são várias ali por perto: além de Salina e a já citada Stromboli, existem outras cinco: Vulcano, Lipari, Panarea, Filicudi e Alicudi. Todas podem ser acessadas de barco a partir do Porto de Milazzo ou Nápoles (bem mais longe). Estas ilhas fazem parte das Ilhas Eólias (Isole Eolie), um arquipélago no Mar Tirreno.
A história e origem das Ilhas Eólias remontam a tempos antigos, com evidências arqueológicas que indicam assentamentos humanos desde o Neolítico. O nome "Eólias" está relacionado aos ventos fortes que frequentemente sopram na região e que, na mitologia grega, eram controlados por Éolo, o deus dos ventos. As ilhas têm uma rica herança histórica, tendo sido habitadas por diversos povos ao longo dos séculos, incluindo gregos, romanos, normandos e espanhóis.
A atividade vulcânica é uma característica das Ilhas Eólias. Vulcano, por exemplo, leva o nome do deus romano do fogo e das forjas devido às suas atividades vulcânicas, incluindo fontes termais de lama e água quente. Stromboli é conhecida por seu vulcão ativo, que entra em erupção regularmente, proporcionando um espetáculo impressionante para os habitantes e visitantes da ilha.
As Ilhas Eólias têm sido um importante centro comercial ao longo da história devido à sua localização estratégica no Mar Mediterrâneo. Além disso, essas ilhas atraíram a atenção de vários artistas e escritores, como o poeta romano Virgílio e o autor Giovanni Verga, que encontraram inspiração na beleza e na singularidade do arquipélago. Atualmente, as Ilhas Eólias são um destino turístico popular.
Valeu muito a pena pegar a scooter elétrica do hotel e dar uma volta pela região. A gente foi até Pollara e teve a oportunidade de ver esta paisagem simplesmente espetacular.









Impossível falar de Salina e não falar do "O carteiro e o poeta", filme italiano de 1994 dirigido por Michael Radford e indicado em 5 categorias do Oscar. A película foi rodada justamente em Pollara. No filme, um carteiro humilde chamado Mario é designado para entregar correspondências ao famoso poeta chileno Pablo Neruda, que se exilou na ilha. Uma amizade floresce entre o carteiro e o poeta, e Mario busca conselhos de Neruda para conquistar o coração de uma bela mulher local. Vale dizer que Neruda nunca viveu em Salina e o filme também foi filmado em outras regiões da Itália - as ilhas de Procida e a super famosa Capri.



Salina também é conhecida pelo vinho Malvasia delle Lipari (com o selo DOC/Denominação de Origem Controlada) e pelas alcaparras que, no verão, tomam conta da ilha e dos pratos nos restaurantes.
Aproveite também para dar um pulo no centrinho da ilha (Santa Marina Salina), região onde está o porto e onde você encontra restaurantes e várias lojas de roupas, souvenirs e cerâmica. Vale dizer que o centrinho também é um excelente lugar para ficar, com várias pousadinhas e hotéis. Por ali, no nosso dia de partida, almoçamos no Sale, Amore e Vento, restaurante cujo foco são as carnes. Excelente, pra dizer o mínimo.
E não deixe de brincar com os gatos da ilha. Dá azar não brincar com eles.






A próxima parada foi Cefalù, porém estávamos cansados e a única coisa que a gente conseguiu fazer foi dormir e descansar. Ainda tínhamos San Vito Lo Capo pela frente.
San Vito Lo Capo, o cuscuz e o dolce far niente italiano
Mini raio-x:
População: 5.000
Grande influência árabe: o Cous Cous Fest é o maior do mundo
Nosso roteiro foi o seguinte:
Chegada: 27/set
Dias de passeio: 28-29
Saída: 29/set
Hotel: Acquarò Suite Jacuzzi
Chegamos em San Vito Lo Capo e nos deparamos com várias barracas, daquelas de feira, meio que desmontadas pelas ruas. Pensamos: ué, vai acontecer algum festival ou festividade por aqui? De noite, nos deparamos com a placa abaixo, do Cous Cous Fest, que havia acontecido na semana anterior à nossa chegada.
Cuscuz? Na Itália? Como assim? Aí descobrimos que a Sicília já tinha sido um emirado árabe. Ué, como assim? Emirado árabe? Inclusive a cidade tem bastante referência ao passado, seja na arquitetura preservada, quanto na decoração e nos souvenirs das dezenas de lojinhas.



Mas calma. Antes, o cuscuz e o festival - que é também um campeonato mundial, no qual chefs de oito países se digladiam na cidade para ver quem faz a melhor iguaria. Durante 9 dias, a pequena San Vito Lo Capo pulsa em torno do cuscuz: são várias barraquinhas espalhadas pelas ruas da cidade, além de shows musicais, workshops e palestras.
Desde o seu início, em 1998, o propósito do evento é celebrar um ingrediente tido como pobre, profundamente enraizado na região mediterrânea. O Cous Cous Fest reúne diversas comunidades, narrativas, tradições, culturas e religiões, destacando a diversidade em torno desse elemento culinário.
O cuscuz é um prato versátil e amplamente consumido em várias regiões do mundo (inclusive no Nordeste brasileiro!), apresentando variações distintas em termos de preparo e ingredientes. Originário do norte da África, o cuscuz tradicional é feito a partir de grãos de sêmola de trigo, que são umedecidos e moldados em pequenos grânulos. Este método de preparação confere ao cuscuz uma textura leve e granulada.
Em diferentes culturas, o cuscuz pode ser cozido no vapor, fervido ou misturado com ingredientes diversos, como legumes, carne, peixe ou frutas, oferecendo uma ampla gama de sabores e possibilidades culinárias. Devido à sua adaptabilidade, o cuscuz é apreciado como acompanhamento ou prato principal, refletindo a rica diversidade gastronômica que se desenvolveu ao longo dos séculos em várias partes do mundo.
Decidimos provar o cuscuz no Profumi di Cous Cous (dentro do Hotel Ghibli), que inclusive é um dos quatro restaurantes indicados no Guia Michelin de San Vito Lo Capo. Lá, pedimos um cuscuz vegetariano (gostoso, mais molhado e bem diferente do que já comi no Brasil) e uma bela carne, como você pode ver nas fotos abaixo. Vale dizer que o restaurante não é exatamente barato: o menu de cuscuz vai de € 17 a € 23. Vale a visita? Sem dúvida.



San Vito Lo Capo tem uma história riquíssima: fundada pelos fenícios, foi posteriormente ocupada por romanos, bizantinos e árabes que, como você viu acima com a história do cuscuz, deixaram uma marca realmente especial na cidade - inclusive introduzindo novas culturas agrícolas, como o cultivo de citrinos e amendoeiras.
Na Idade Média, a cidade foi parte do Reino de Sicília e, posteriormente, tornou-se crucial para os cruzados. Ao longo dos anos, floresceu como comunidade pesqueira, preservando tradições e transformando-se em um destino turístico popular por sua bela praia de areias brancas e águas cristalinas.
Passeio pelas ruas da cidade
Não sei como é exatamente na alta temporada, mas, quando estivemos lá (final de setembro), a coisa acontece mesmo de noite - as pessoas vão pra rua, lojinhas e bares/restaurantes abrem, há música nas praças. Não deixe de comer alguns arancini quando estiver em San Vito lo Capo ou comprar alguma lembrancinha dos tempos de emirado. São dezenas de estabelecimentos espalhados pelas ruas.
Como ninguém é de ferro, aproveitamos para comer o glorioso arancino, que nada mais é do que um bolinho de arroz frito recheado.



Mamita's Beach Club
Na nossa ida à praia, escolhemos o Mamita's Beach Club (link do Google Maps) muito mais pela comodidade de estar próximo ao nosso Airbnb do qualquer outra coisa. Aqui, a estrutura é só o combo espreguiçadeira/guarda-sol que, fora da temporada, fica bem mais barato (dica: sempre negocie). Não há banheiro e nem restaurante. Leve água ou compre pela praia mesmo - sempre passa alguém vendendo água, drinks, suco, cerveja, vinho, comidinhas etc. O Mamita's também oferece um daqueles caiaques transparentes para os seus clientes.



O nosso hotel em San Vito
Ficamos no Acquarò, extremamente bem localizado e completinho: cozinha, dois banheiros e um excelente quarto (tudo com ar-condicionado). Nossa suíte também oferecia uma jacuzzi no piso superior, de onde era possível tomar um sol (mais à vontade, inclusive), descansar e ter uma bela vista. Recomendo de olhos fechados. (Em frente, o Hotel Al-Tair também tem notas e avaliações boas no Google Maps.)
Embaixo, vale ir na Bottega Sugameli, onde comemos belos sanduíches e tomamos alguns Aperol Spritz. A casa também oferece tábuas de frios e possui uma carta bem decente de vinhos.
Pontos turísticos (que não visitamos)
Comento a seguir alguns lugares que não fomos - então os detalhes são fruto de pesquisa. Recomendo cautela e mais pesquisa da sua parte.
Se você gosta de turismo religioso e estiver de carro, não deixe de dar um pulo até a pequena Cappella di Santa Crescenzia, construída no século XVI - vale dizer que ela é minúscula e não tem muito o que ver.
Já a Grotta Dell'Uzzo, localizada na Reserva de Zingaro (aberta das 8 às 16h), um dos mais importantes sítios pré-históricos da Sicília: lá foram encontrados vestígios de presença humana que datam do período Mesolítico.
Se você gosta de explorar belezas naturais, Cala Mancina é um lugar lindo: tem praia (com pedras), rochas e, ali perto, fica a Grotta del Cavallo, cujas paredes são decoradas com figuras humanas. Outro lugar que alguns se aventuram a ir é a Torre dell'Usciere - mas, pelo que vi nos comentários no Google, talvez você deva refletir antes de ir até lá.
Palermo
Mini raio-x:
População: 673.735
Foi uma das maiores cidades islâmicas do mundo
Nosso roteiro foi o seguinte:
Chegada: 29/set
Dias de passeio: 30/set
Saída: 30/set (à noite)
Passar por Palermo como última parada foi bem divertido e interessante. Vale dizer que ainda estava muito quente quando estivemos por lá (final de setembro). Como já era final de viagem e o cansaço se mostrava (afinal, havíamos começado a viagem pela Croácia no começo de setembro), decidimos fazer as coisas mais na boa, sem tanta pressa. Isso significa que você verá poucas dicas de Palermo por aqui.
Vale dizer que o calor não era fruto das mudanças climáticas. Durante os verões, longos e quentes, as temperaturas permanecem acima de 20ºC durante boa parte do ano (maio a outubro). São mais de 2.500 horas de sol na moleira do siciliano.
Ia quase esquecendo de dizer que Palermo é a capital da Sicília! Além disso, você sabia que Palermo foi uma das maiores cidades islâmicas do mundo? Eu não. Porém tome nota: por volta de 1050 d.C., durante o Emirado Islâmico da Sicília, Palermo se destacou como uma das cidades islâmicas mais importantes do mundo e a terceira maior na Europa, depois de Constantinopla Bizantina e Córdoba Islâmica. Sob o domínio árabe, Palermo foi um centro de aprendizado, cultura e comércio, enquanto a Europa Setentrional cristã era mais primitiva, com violência, fanatismo e superstição. A história da Sicília é fascinante.
Como a cidade tem pouca oferta de Uber, decidimos pegar patinetes e percorrer o centro histórico da cidade, onde ficam as lojas, bares, restaurantes e alguns pontos turísticos e históricos como Catedral de Palermo, a Cappella Palatina e o Palácio dos Normandos, por onde começamos.
O belo Palácio dos Normandos também é conhecido como Palácio Real e remonta à civilização árabe. Construído como uma fortaleza militar no século IX, tornou-se o centro do poder dos normandos a partir do século XI. Com os normandos, o palácio passou por expansões e modificações arquitetônicas. O Salão dos Normandos, usado para audiências, é um dos destaques arquitetônicos do prédio. Ao longo dos séculos, o palácio serviu como residência real, sede do governo e testemunha de eventos históricos.









Atualmente, o Palácio dos Normandos é a sede da Assembleia Regional da Sicília, mas também está aberto ao público como um importante local histórico e cultural. E, claro, também recebe exposições culturais.
Pertinho dali você já chega na Quattro Canti, que parece nome de pizzaria mas na verdade é uma praça pública barroca octogonal que tem quatro fontes com estátuas ornamentadas em nichos. Pare, tire fotos e saboreie o lugar. Quando passamos por lá, tinha uma banda tocando uma música animada.






Mais alguns passos e você dá de cara com o Buatta Cucina Popolana, que em italiano significa "Cozinha Popular" e que usa (obviamente) ingredientes locais em suas receitas tradicionais. De lá, nós comemos a sopa do dia (mandioquinha, 10€), galeto na brasa com salada (18€) e o bucatini com sardinha e erva-doce (16€), este último um dos pratos mais servidos na casa. Acompanhou nossa comida uma deliciosa cerveja local, de cujo nome não me lembro mais.





Vale dizer também que Palermo é famosa por sua comida de rua. Como a gente ficou pouco tempo lá, não deu tempo de comer nada…
E Palermo tem a lista de curiosidades mais engraçada que eu já vi: além de ter um dos climas mais amenos da Europa, tem o maior teatro lírico do país (e a maior árvore também), a múmia mais bonita do mundo, a cidade tem rios que desapareceram completamente. Fora o documento mais antigo do velho continente e o maior monumento de arte islâmica do mundo. E, claro, o maior julgamento criminal já realizado (475 mafiosos foram indiciados).
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E aí? O que você achou? Espero que este longo texto tenha te ajudado de alguma forma. Deixe seu comentário! Terei prazer em responder.